segunda-feira, 5 de novembro de 2012

diante do vazio

“'Que sentido tem cada um passar pelos mesmos desgostos e descobertas, mais ou menos eternamente?', pergunta a personagem de 'Enamoramentos', diante da fragilidade dos filhos que, naquele momento, por uma circunstância trágica, lhe era insuportável. E a resposta talvez seja a de que não exista sentido. E exatamente por não existir, só podemos mostrar aos nossos filhos, porque isso é algo que se mostra, não que se diz, que a tarefa de uma vida humana, desde sempre e para sempre, é criar sentido onde não há nenhum. Inventar uma vida é a tarefa que faz de todos nós ficcionistas. E, em geral, uma vida que faz sentido é aquela em que os sentidos são construídos para serem perdidos mais adiante e recriados mais uma vez e sempre outra vez. É o vazio, afinal, que nos faz inventar uma vida humana – e não morrer antes da morte".

Eliane Brum, aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário