“'Que sentido tem cada um passar pelos mesmos desgostos e descobertas,
mais ou menos eternamente?', pergunta a personagem de 'Enamoramentos',
diante da fragilidade dos filhos que, naquele momento, por uma
circunstância trágica, lhe era insuportável. E a resposta talvez seja a
de que não exista sentido. E exatamente por não existir, só podemos
mostrar aos nossos filhos, porque isso é algo que se mostra, não que se
diz, que a tarefa de uma vida humana, desde sempre e para sempre, é
criar sentido onde não há nenhum. Inventar uma vida é a tarefa que faz
de todos nós ficcionistas. E, em geral, uma vida que faz sentido é
aquela em que os sentidos são construídos para serem perdidos mais
adiante e recriados mais uma vez e sempre outra vez. É o vazio, afinal,
que nos faz inventar uma vida humana – e não morrer antes da morte".
Eliane Brum, aqui.
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