sábado, 10 de dezembro de 2011

resoluções


“A minha segunda máxima consistia em ser tão firme e resoluto quanto me fosse possível em meus atos e seguir as opiniões mais duvidosas, desde que me tivesse decidido por elas, com constância não menor do que se elas fossem exatíssimas. Nesse ponto, imitava aos viajantes que, quando se veem perdidos numa floresta, não devem ficar errando de um lado para outro, nem ficar, tampouco, no mesmo lugar, e sim andar em direção tão reta quanto possível, acompanhando o mesmo rumo, sem jamais desviar-se da direção tomada, por motivos fúteis, mesmo quando, a princípio, o acaso tenha sido o fator que determinou a escolha. Se, por esse processo, não atingem o local que desejam atingir, chegarão pelo menos a um ponto no qual, com muita possibilidade, se acharão melhor do que estando no meio da floresta. Deste modo, portanto, como as ações de nossa vida nem sempre permitem um adiamento, é uma verdade muito certa que não existindo a possibilidade de diferenciar as opiniões mais verdadeiras, devemos seguir as mais prováveis e, ainda que não vendo maiores possibilidades em umas mais do que outras, devemos, entretanto, resolvermo-nos por algumas e desde então não mais considerá-las como duvidosas, na proporção em que se refiram à prática, mas como muito verdadeiras e corretas, pois como tal deve ser tida a razão que nos fez resolver por elas. Aí está o que até agora permitiu que eu me libertasse de todos os remorsos e arrependimentos que costumam agitar as consciências de certos espíritos débeis e hesitantes que, na sua indecisão, se deixam levar a praticar como boas as coisas que julgavam, anteriormente, más” .

René Descartes, Discurso sobre o método

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

cultura de vida

"O que motiva você? O maior motivo de tudo é sempre o tesão. A gente tem uma tendência ao outro, uma tendência a procriar também... Sejam filhos carnais ou objetos, obras de arte, que são como filhos... Esse teatro, é como se eu fosse o bisavô dele. O padre Vieira disse uma frase muito bonita: “Só existimos quando fazemos. Quando não fazemos, somente duramos.”


Zé Celso, daqui.

não são os outros

Acho que estou experimentando uma nova modalidade de inferno astral: aquele que começa logo depois do aniversário.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

another grand duel

Uma amiga me disse essa semana que nunca conseguiu nada na vida que não fosse no grito. Pois. Está na hora preparar o gogó.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

revisitando possíveis

E eis que surge uma faísca de entusiasmo e começa enfim a se delinear, bem do meio daquela velha história que sempre voltava, a possibilidade de um plano B. Porque, afinal, todo mundo precisa ter um.

domingo, 11 de setembro de 2011

um, dois, três

Se eu tivesse que estabelecer o plano mais simplificado e enxuto possível pra recuperar o norte e retomar o fluxo das coisas, ele se resumiria a estas três diretrizes básicas: uma música, um filme e um texto por dia. Não menos que isso.

domingo, 4 de setembro de 2011

para a segunda

Toda noite de domingo eu acredito que posso realizar uma grande mudança na minha vida, começando na manhã seguinte.

domingo, 28 de agosto de 2011

best seller

Eu fico elaborando essas transformações superplanejadas, equilibradas e consistentes, mas acho que o que eu preciso mesmo é de um esquema meio comer, rezar e amar.

domingo, 21 de agosto de 2011

bruxa

Não existe uma bruxa na minha vida, e o fato de que eu não tenha sequer dado pela falta de uma é bastante revelador da maneira como eu tenho me relacionado com o mundo.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

presença

“O modo mais perfeito de alguém se esconder atrás de uma máscara é fazer silêncio absoluto. E o silêncio liga-se com o mutismo das coisas produzidas pela sua presença. Por outro lado, não existe emergência de sentido que não alivie o peso da presença”.


Hans Ulrich Gumbrecht, Produção de presença

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

reconsiderando as maiúsculas

Talvez o fim da terceira década das nossas vidas seja o momento em que palavras grandes como existência, velhice, trajetória e amor podem ser mais uma vez consideradas sem uma reação imediata de aversão ou cinismo.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

contra a maledicência

Nada como um pequeno aborrecimento social para recolocar em questão a medida em que permitimos que os outros nos afetem e a forma dos vínculos que queremos constituir.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

you've got no e-mail

Todo grande plano de mudança está fadado ao eventual confronto com o e-mail que não chega.

piloto


Se conduzir a própria vida é também imaginar os termos em que ela poderia ser contada – percebê-la no presente como se já fizesse parte do passado, fantasiá-la como biografia ou organizá-la como auto-ficção – então o mais importante nem sempre é encontrar as verdades, mas estabelecer os símbolos que nos levam adiante. Criar um espaço como resposta à promessa, levar a sério o anúncio da crise: poderia, afinal, inventar a gande virada que me foi prometida?